quinta-feira, novembro 16, 2017

SOU SILÊNCIO ~ SOY SILENCIO


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sou silêncio
sem ser-te pele
sem te tocar

sou
sem me notares

********

soy silencio
sin serte piel
soy piel
sin tocarte

soy
sin que me notes

© Frantz Ferentz, 2017



domingo, outubro 08, 2017

ESTÁTUA ~ ESTATUA

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de dia era pedra
de noite era carne
de resto era pó

acariciávamos a pedra enquanto pronunciávamos mulher
mas a mulher tinha tacto de pedra

curva de pedra
sílabas de pedra
doce de pedra

a pedra não sabia amar
nem a si própria
fugiu pela beira da desmemória
e não voltou
e não volta
porque não sabe amar
nem desamar
nem tem lábios de memória


en el día era piedra
en la noche era carne
en el resto era polvo

acariciábamos la piedra mientras pronunciábamos mujer
mas la mujer tenía tacto de piedra

curva de piedra
sílabas de piedra
dulce de piedra

la piedra no sabía amar
ni a sí misma
huyó por el borde de la desmemoria
y no regresó
y no regresa
porque no sabe amar
ni desamar
ni tiene labios de memoria

© Frantz Ferentz, 2017

terça-feira, setembro 26, 2017

COMO UMA MENINA ~ COMO UNA NIÑA

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como uma menina
difuminas no ar com o teu dedo
o bafo da ausência

como uma menina
com tranças e meias brancas
percorres o meu queixo na ponta dos pés

como uma menina
recobras em mim o aventureiro
que nunca ousou confessar o seu amor à rapariga

como uma menina
beijas-me e calas-te e escondes-te
e se quiseres
só se quiseres
arrias a minha tristeza


como una niña
conjuras con tus manos pequeñas
el punto flaco de la distancia

como una niña
difuminas en el aire con tu dedo
el vaho de la ausencia

como una niña
de coletas y medias blancas
recorres mi barbilla de puntillas

como una niña
recobras en mí al aventurero
que nunca osó confesar su amor a la chica

como una niña
me besas y callas y te escondes
y si quieres
solo si quieres
arrías mi tristeza

© Frantz Ferentz, 2017

sexta-feira, setembro 22, 2017

MORO NUM PAÍS ~ VIVO EN UN PAÍS

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Moro num país que louva pedaços de madeira vestidos de princesas.
Moro num país de ladrões perfumados em álcool de mil euros cada garrafa.
Moro num país em que os pobres são material higiénico.
Moro num país de cadáveres meditabundos que gostam de crer que ainda falam.
Moro num país onde a inteligência é um crime imperfeito.
Moro num país de patriotas que fornicam com notas de banco adolescentes.
Moro num país que mente aos mapas.
Moro num país que assedia livros e finge memórias.
Moro num país onde os bons tentam não fazer eco de passos na rua.
Moro num país inabitável e hipócrita.
Moro num país onde choram os touros à alva.
Moro num país que não é país.
Moro num país que é um impaís trasvestido de país.
Moro num país sem alma.



Vivo en un país que adora trozos de madera vestidos de princesas. 
Vivo en un país de ladrones perfumados en alcohol de mil euros la botella. 
Vivo en un país en que los pobres son material higiénico.
Vivo en un país de cadáveres meditabundos que gustan de creer que aún hablan.
Vivo en un país donde la inteligencia es un crimen imperfecto.
Vivo en un país de patriotas que fornican con billetes adolescentes.
Vivo en un país que miente a los mapas.
Vivo en un país que acosa a libros y finge memorias.
Vivo en un país donde los buenos intentan no hacer eco de pasos en la calle.
Vivo en un país inhabitable e hipócrita.
Vivo en un país donde lloran los toros al alba.
Vivo en un país que no es país.
Vivo en un país que es un impaís travestido de país.
Vivo en un país sin alma.

© Frantz Ferentz, 2017

AUGUSTUS

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mais de dezassete mil passos
sem rumo
oráculos malgastados
e entardeceres fingidos    
perguntemos aos lençóis
se de ti sofrem marés

averiguemos onde fica
o centro de nenhures
e a que cheira  
              depois
convoquemos os crédulos crentes
destes bordeis de carne humana

só então
talvez nos perguntemos
o que és tu
caso tu sejas



más de diecisiete mil pasos
sin rumbo
oráculos malgastados
y atardeceres fingidos     
preguntemos a las sábanas
si de ti sufren mareas

averigüemos dónde queda
el centro de ninguna parte 
y a qué huele    
              después
convoquemos a los crédulos creyentes
de estos burdeles de carne humana

solo entonces 
tal vez nos preguntemos
qué eres tú
si es que realmente eres 

© Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, maio 08, 2017

DO UNIVERSO ~ DEL UNIVERSO

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o universo é azul
como o teu sorriso
de olhos fechados
e na tua pele
condensa-se
todo o aroma
do café recém-provado

maldita seja
tanta puta da ausência...


el universo es azul
como tu sonrisa
de ojos cerrados
y en tu piel
se condensa 
todo el aroma 
del café recién catado

maldita sea
tanta puta ausencia...

© Frantz Ferentz, 2016

SABER-TE CHUVA ~ SABERTE LLUVIA

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saber-te chuva
embora com a boca seca

saber-te chuva
que me abrasa

saber-te chuva
inesperada

saber-te chuva
tu  minha chuva
de pele atlântica



saberte lluvia
aun con la boca seca

saberte lluvia
que me abrasa

saberte lluvia
toda inesperada

saberte lluvia
vos   mi lluvia
de piel atlántica
© Frantz Ferentz, 2017

quinta-feira, abril 27, 2017

O ESPÍRITO DO PLANETA ~ EL ESPÍRITU DEL PLANETA

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o espírito do planeta pôs os óculos. finalmente amanhecia. dormira mais de mil anos a acariciar a noite como se fosse um bosque de caracóis do cabelo. sentiu desejos de ler. os seus olhos se acostumaram à escuridão. precisava de ler. procurou peles e desejos. não eram legíveis. procurou sonhos flexíveis. não eram legíveis. procurou entre as dobras da sua desmemória algo que fosse legível. não encontrou. deixou cair os seus pensamentos para o destempo.

algo esflorou a sua mão. o espírito do planeta ergueu o olhar. ajustou os óculos. perante ele uma mulher. olhou para os olhos da mulher. neles leu. finalmente leu. leu o não tempo. leu o que não se pronunciava. leu o que nem estava nem estaria escrito. leu a mulher nos seus olhos. leu pela primeira vez o amor. leu-se a si próprio nos olhos dela. e soube que no silêncio daqueles olhos estava já tudo dito.

el espíritu del planeta se puso los anteojos. por fin amanecía. había dormido más de mil años acariciando la noche como si fuera un bosque de rizos. sintió deseos de leer. sus ojos se habían adaptado a la oscuridad. necesitaba leer. buscó piel y deseos. no eran legibles. buscó sueños flexibles. no eran legibles. buscó entre los pliegues de su desmemoria algo que fuera legible. no halló. dejó caer sus pensamientos hacia el destiempo. 

algo rozó su mano. el espíritu del planeta alzó la vista. se ajustó los anteojos. ante él una mujer. miró a la mujer a los ojos. en ellos leyó. por fin leyó. leyó el no tiempo. leyó lo que no se pronunciaba. leyó lo que no estaba ni estaría escrito. leyó a la mujer en sus ojos. leyó por primera vez el amor. se leyó a sí mismo en los ojos de ella. y supo que en el silencio de aquellos ojos estaba ya todo dicho.

© Frantz Ferentz, 2017

terça-feira, abril 25, 2017

CHUVA QUE DESENHA ~ LLUVIA QUE DIBUJA

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chuva
a desenhar
os teus ombros nus  

chuva
que me traz
a tua boca molhada  

chuva
que te adormenta    

chuva
lenta e cálida
que improvisa torrentes
nas tuas pernas    

chuva
de abril
no teu cabelo
floresta            

chuva
de fado a pairar
nas tuas ancas      

chuva
atlântica de Quito  

chuva
que não cessa
porque tu não cessas  

chuva
sempre te quero
chuva


lluvia
que dibuja
tus hombros desnudos  

lluvia
que me trae 
tu boca mojada        

lluvia
que te adormece       

lluvia
lenta y cálida
que improvisa torrentes 
entre tus piernas     

lluvia
de abril 
en tu cabello
floresta              

lluvia
de fado flotando
en tus caderas        

lluvia
atlántica de Quito    

lluvia
que no cesa
porque vos no cesas      

lluvia
siempre te quiero  
lluvia
© Frantz Ferentz, 2017

quarta-feira, abril 19, 2017

PAIRANDO ~ FLOTANDO

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carícias que pairam
marés paridas pela tua pele
sinto o rumor dos teus olhos fechados
a brisa das tuas coxas
o teu corpo
   contentor
   continente
   conteúdo


caricias que flotan
mareas paridas por tu piel
siento el rumor de tus ojos cerrados
la brisa de tus muslos
tu cuerpo
   contenedor
   continente
   contenido
© Frantz Ferentz, 2017

terça-feira, abril 18, 2017

LABIRINTO DE SINAIS ~ LABERINTO DE SEÑALES

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aqui estou
em mim
atroz labirinto de sinais
a tremer
ainda
sem querer
querer-te bem
com um centavo
na boca


sigo aquí
en mí
atroz laberinto de señales 
temblando
aún
sin querer
quererte
con un centavo
en la boca

© Frantz Ferentz, 2017

terça-feira, março 21, 2017

CHOVES ~ LLUEVES

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porque
sem chover
me choves?

*  *  *

por qué
sin llover
me llueves


Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, março 20, 2017

JÁ TE ESCREVO ~ YA TE ESCRIBO

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já te escrevo
sem pensar
apenas a te cheirar
de olhos fechados
a alunizar nas tuas costas

já te escrevo
finge que não me notas
mas só finge
chegarei por atrás
improvisarei a tua ortografia
e o teu umbigo      ponto sem final

já te escrevo
parágrafos na pele
tu apenas escorrega
entre os meus dedos
sem maiúsculas
e descalça

já te escrevo
e se quiseres
tu escreves-me
com os teus dedos
humida
lentamente
uma e outra vez




*  *  *

ya te escribo
sin pensar
solo oliéndote
de ojos cerrados
alunizando en tu espalda

ya te escribo
finge que no me notas
pero solo finge
yo llegaré por detrás
improvisaré tu ortografía
y tu ombligo       punto sin final

ya te escribo
párrafos en la piel
tú solo deslízate
entre mis dedos
sin mayúsculas
y descalza 

ya te escribo
y si quieres
tú me escribes
con tus dedos
húmeda
lentamente
una y otra vez

Frantz Ferentz, 2016

sábado, março 11, 2017

FADO DE CHUVA ~ FADO DE LLUVIA

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tanta chuva
chuva sem ti
chuva de longe
chuva sem lua e sem voz
chuva órfã
chuva que escorrega como um fado pela Ronda

chuva com pranto
chuva sem ti
chuva da minha língua
numa ria a três mil metros de altura

chuva
chuva
e mais chuva
salgada
como tu
minha chuva

chuva a envolver a tua cintura
chuva de saudade
chuva sem ti
chuva
de ti
e por ti
chuva
      por favor
tu
ainda mais chuva

*  *  *

tanta lluvia
lluvia sin ti
lluvia de lejos
lluvia sin luna y sin voz
lluvia huérfana
lluvia que resbala como un fado por la Ronda

lluvia con llanto
lluvia sin ti
luvia de mi lengua
en una ría a tres mil metros de altura

lluvia
lluvia
y más lluvia
salada
como tú
mi lluvia

lluvia envolviendo tu cintura
lluvia de saudade
lluvia sin ti
lluvia
de ti
y por ti
lluvia
     por favor
tú 
aún más lluvia

Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, março 06, 2017

ŠARMUTA

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Eras a derradeira puta.
Atravessaste o grande salão sem pretensões, a olhar para o chão. Sabias
que já os teus lábios ficaram desselados. Ninguém
te dizia puta, mas tu já naufragaras pelas peles de todos eles,
foras brêtema e suspiro nos peitos daqueles que te contemplavam,
até chegares a mim. Soubeste que o nojo
não se pronuncia, sabias que eu não sinto nojo
porque o nojo apenas fica ao alcance dos que julgam. Fui
a derradeira sílaba que atravessaste, não precisaste
de mais impulsos, de mais luas azuis, de mais novembros,
eras puta a fingir estrelas, puta, quatro letras
que te sangravam como lágrimas, puta, sim, mas sempre
quiseste caminhar ergueita, orgulhosa, com o teu nome
por diadema. E mesmo antes do limiar, ainda me perguntaste
em silêncio se te amava.

Sabes? Este ano as camélias não conseguem prender no teu cabelo


*  *  *

Eras la última puta.
Atravesaste el gran salón sin pretensiones, mirando al suelo. Sabías
que ya tus labios habían quedado desellados. Nadie
te llamaba puta, pero tú ya habías naufragado en la pieles de todos ellos,
habías sido calima y suspiro en los pechos de aquellos que te contemplaban,
hasta que llegaste a mí. Supiste que el asco
no se pronuncia, sabías que yo no siento asco
porque el asco solo queda al alcance de los que juzgan. Fui
la última sílaba que atravesaste, no necesitaste
más impulsos, más lunas azules, más noviembres,
eras puta fingiendo estrellas, puta, cuatro letras
que te sangraban como lágrimas, puta, sí, pero siempre
has querido caminar erguida, orgullosa, con tu nombre
por diadema. Y justo antes del umbral, aún me preguntaste
en silencio si te amaba.

¿Sabes? Este año las camelias no consiguen prender en tu cabello

Frantz Ferentz, 2017

quinta-feira, março 02, 2017

LÂNGUIDA ESPERA ~ LÁNGUIDA ESPERA

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lânguida a espera
um pintassilgo finge sobrevoar o teu nome
especulações entre o musgo
nem dia nem noite
termina a espera

já não és
quem não eras
és
quem não foste

*  *  *

lánguida la espera
un jilguero finge sobrevolar tu nombre
especulaciones entre el musgo
ni día ni noche
termina la espera

ya no eres
quien no eras
eres
quien no fuiste

© Frantz Ferentz, 2019

terça-feira, fevereiro 28, 2017

TUDO É CHUVA ~ TODO ES LLUVIA


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tudo é chuva
Quito é chuva
tu és chuva
a saudade é chuva
lembrar-te é chuva

chuva nos poros
chuva que alimenta  
chuva que beija  
chuva que cala
chuva que se debruça
chuva na cintura  
chuva mulher
mulher chuva

e tu
e a chuva
para além da cordura

*  *  *

todo es lluvia
Quito es lluvia
vos sois lluvia
la nostalgia es lluvia
recordarte es lluvia

lluvia en los poros
lluvia que alimenta     
lluvia que besa    
lluvia que calla
lluvia que se asoma
lluvia en la cintura
lluvia mujer
mujer lluvia

y vos
y la lluvia
más allá de la cordura


Frantz Ferentz, 2017

domingo, fevereiro 26, 2017

OUTRO UNIVERSO ~ OTRO UNIVERSO

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chegarão novos universos
serão ainda criados mares frágeis
                                mares perturbados e perturbadores
e gaivotas com memória ou não
e peles de relva
e mais             serão outros universos

mesmo assim
tu serás pó sem sílabas
porque sim
porque assim quiseste ser
planeta sem alento           infeliz
mulher minuto

*  *  *

llegarán nuevos universos
se crearán aún mares frágiles
                         mares perturbados y perturbadores
y gaviotas con memoria o no 
y pieles de hierba
y más               serán otros universos

incluso así
tú serás polvo sin sílabas
porque sí
porque así has querido ser
planeta sin aliento               infeliz
mujer minuto

Frantz Ferentz, 2017

quinta-feira, fevereiro 23, 2017

SE FOSSES CHUVA ~ SI FUERAS LLUVIA

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se fosses chuva
saberias reconhecer as enrugas da minha ausência

se fosses chuva
saberias molhar como se molha quando se quer

se fosses chuva
saberias distinguir lençóis de gândaras

se fosses chuva
saberias escorregar por noites nuas

se fosses chuva
ah, se fosses chuva
                         terias nome
                         serias deriva

*   *   *


si fueras lluvia 
sabrías reconocer las arrugas de mi ausencia

si fueras lluvia 
sabrías mojar como se moja cuando se quiere

si fueras lluvia 
sabrías distinguir sábanas de páramos

si fueras lluvia 
sabrías resbalar por noches desnudas

si fueras lluvia
ay, si fueras lluvia
                        tendrías nombre
                        serías deriva


Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

MARÉ, LUA, CIDADE ~ MAREA, LUNA, CIUDAD

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maré
que sobe e desce pela pele

cidade
despida de chuva

lua
de rosto oculto
              sem ainda saber amanhecer

mulher
de marés
em corpo de cidade
porque murmuras lua cheia?

*  *  *

marea
que sube y baja por la piel

ciudad 
desnuda de lluvia

luna
de rostro oculto
            sin aún saber amanecer

mujer 
de mareas
en cuerpo de ciudad
¿por qué murmuras luna llena?

© Frantz Ferentz, 2017


terça-feira, fevereiro 14, 2017

O MELHOR CAFÉ DO MUNDO ~ EL MEJOR CAFÉ DEL MUNDO

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o melhor café do mundo não serviu
para te calmares
fora   o mundo
            dentro           só tu
falavas palavras que nunca existiram
palavras que desenhavam um percurso clandestino

o café misturou-se com a verdade
a verdade misturou-se com as lágrimas
e confessaste que as escadas a nenhures
são silêncios de querer sem querer
confessaste mil almas em uma            para quê?

com alma endoçaste o café          
o melhor café do mundo
não será
        como dizem
pelas alturas

será
          creio
porque te espelha

&   &   &

el mejor café del mundo no ha servido
para que te calmes
fuera      el mundo
            dentro           solo tú
hablabas palabras que nunca existieron
palabras que dibujaban un trayecto clandestino

el café se mezcló con la verdad
la verdad se mezcló con las lágrimas
y confesaste que las escaleras a ninguna parte 
son silencios de querer sin querer
confesaste mil almas en una            ¿para qué? 

con alma endulzaste el café             
el mejor café del mundo
no será
         como dicen
por las alturas

será
          creo
porque te refleja

© Frantz Ferentz, 2017


segunda-feira, fevereiro 13, 2017

SOMBRA À DERIVA ~ SOMBRA A LA DERIVA

Fotka uživatele Xavier Frias Conde.

somos sombra à deriva
sol e café               meu nome e teu nome
num guardanapos
no reverso marcas de voz
feminina

somos cidade ciumenta que procura
amantes em cada recanto

segunda feira
já falta menos para sermos floresta

&  &  &

somos sombra a la deriva
sol y café               mi nombre y tu nombre
en una servilleta
en el reverso marcas de voz
femenina

somos ciudad celosa que busca
amantes en cada rincón

lunes
ya falta menos para que seamos selvas


© Frantz Ferentz, 2017

COLÔMBIA CAPITAL LISBOA

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um fado fugaz
olhos de Colômbia
saudade              sempre saudade
será que a história se arrepende e muda de vozes
será que o Tejo percorre uma língua apaixonada
mulher
canto
                                cidade
pela beira da tua boca

Lisboa
tropical com um café ao som da viola
os teus olhos
fugazes e eternos na memória
ruas
de ti para sempre molhadas

Bogotá
toda fadista
bêbada de essências                      fica ao meu lado
e canta-me a pele

&   &   &

un fado fugaz
ojos de Colombia
                saudade              siempre saudade
será que la historia se arrepiente y cambia de voces
será que el Tajo recorre una lengua enamorada
mujer
                canto
                                               ciudad
por el borde de tu boca

Lisboa
tropical con un café al son de la viola
tus ojos
fugaces y eternos en la memoria
calles de ti siempre mojadas

Bogotá
toda fadista
ebria de esencias                             quédate a mi lado
y cántame la piel


© Frantz Ferentz, 2017