sábado, novembro 30, 2013

UM FADO EM MALÁ STRANA / UN FADO EN MALÁ STRANA


intuo que chega o inverno

os corvos acodem devagar às tuas costas
o Moldava desce mimoso
a alma finge-se cinzenta
e a melancolia invoca solidões

faz favor
não soltes ainda teus cabelos
e canta-me
apenas esta noite
um fado em Malá Strana


*   *   *

intuyo que llega el invierno

los cuervos acuden lentos a tus espaldas
el Moldava desciende mimoso
el alma se finge gris
y la melancolía invoca soledades

por favor
no te sueltes aún el cabello
y cántame
solo esta noche
un fado en Malá Strana



Frantz Ferentz, 2013

quinta-feira, novembro 28, 2013

LEMBRAVA COMO TE CONHECI



lembrava como foi que te conheci. eras um fado nunca tencionado, uma melancolia azul criadora dos meus silêncios. conheci-te amêndoa e triste ranger de elétrico e Tejo ao pôr-de-sol em Lisboa. conheci-te na mística das ruas despidas de inverno em Praga, a caminho do lume trás o sorriso de Kafka por Felice. conheci-te deserto na língua e solidão sem mulher, conheci-te porque houve uma conspiração entre as tuas pernas. conheci-te delírio e guerra e voz e escadas pelos velhos bairros de pedra da judaria fantasma. conheci-te e isso basta. eu sou tu enquanto tu me escapas. 

retorna.

Frantz Ferentz, 2013

sábado, novembro 23, 2013

NUNCA ESTIVEN EN IRLANDA



Nunca estiven en Irlanda.
Disque as bruxas de alá
sonche todas boas
ceiban o cabelo desde a costa
cando pasan as naves rumo a calquera parte.

E son belísimas,
tanto que as selvas dos seus cabelos
acariñan os mariñeiros
desde moi lonxe,
arrastrando farrapos doces de néboa.

Nunca estiven en Irlanda
para ouvir esas gaitas
que din que fan danzar de pracer aos desnamorados.
Disque os fillos dos druídas
aínda se alimentan de músicas entre a herba.

Nunca estiven en Irlanda,
nen sei se estarei.
Quizá porque as túas costas
teñen a maxia dos encontros á meianoite
cando aínda o sol non recea.
Ou porque nas pradarías do teu ventre
a brisa me dispe.

Nunca estiven en Irlanda
porque Irlanda non está en ti.

Xavier Frías Conde, Canto de Nedara, colección O Roibén. 2001

Este poema recítao moitas veces o meu amigo Rafa Yáñez, por iso quérollo dedicar. Non adoito pór no blogue poemas de libros tan antigos, mais este poema voltou por acaso e sen lle preguntar por que, póñoo hoxe aquí.

sexta-feira, novembro 22, 2013

FLUIR EN DIRECCIONES OPACAS



ni os soy
ni me sois

todo es un fluir
en direcciones opacas

la corriente
es mi lengua
y la lengua de mi lengua
es una corriente
errante
errática
y errada

la tinta distorsiona
una primavera
que nunca llega

       no llegará
       la adquirió la tristeza

con todo
nos respiramos
pese a todo
ni os soy
ni me sois


Frantz Ferentz, 2013

quarta-feira, novembro 20, 2013

SONREÍAS LLUVIA


sonreías

¿bailas?
me preguntaste

entre mis manos
corrían tranvías

fuera
tú ya eras 
lluvia

Frantz Ferentz, 2013

segunda-feira, novembro 11, 2013

HOY CON LA LLUVIA



hoy
con la lluvia
recorro tu torso
bajo la blusa

mil bocas
siguen las rutas milenarias
de la seda
por tu piel

mujer continente
que de noche
zarpa a la deriva
por mi cama



Frantz Ferentz, 2013

sexta-feira, novembro 08, 2013

HAS VUELTO COMO LLUVIA


has vuelto como lluvia
la insipidez de tu cuerpo en gotas me fascina 
sabes? te añoraba
tantos milenios sin verte por fuera de la ventana me hicieron dudar de ti, sexo otoño. 
pero has vuelto 
ven, he conservado caliente tu silueta en mi cama


Frantz Ferentz, 2013

quarta-feira, novembro 06, 2013

APAIXONEI-ME POR UMA FADISTA


apaixonei-me
por uma fadista
sempre nua de preto
a mulher mais triste
de minha vida
com o Tejo cantando
pela sua pele acima

apaixonei-me
por uma fadista
que ao cantar
a noite trazia
rosa preta que chorava
num elétrico qualquer
sem rumo e beijava

apaixonei-me
por ti, fadista, deitada
numa guitarra a sulcar
atlânticos na alma
enquanto gemias
alfamas e estrelas
húmida de noite
por todo o meu corpo

Frantz Ferentz, 2013

terça-feira, novembro 05, 2013

CUANDO AL LLEGAR HACES SONAR LA BRISA

a EFV

te acercas a la puerta
haciendo sonar la brisa

dos pasos
te abrazo
abarco
el universo

has vuelto
     mi niña

Frantz Ferentz, 2013