Eight bilingual poemas PT-ES referring to loneliness and absence, but also to hope and desires that could emerge at any moment. Sadness is just the first step to reach plenitude, because we, humans, are a universe in ourselves. Therefore, poetry is an old path that allows people to change the colour of the universe.
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Tagus river near Aranjuez. Photo © Nataša Frías |
[1]
Adoro as sílabas da chuva,
a baterem na rua,
doces e imensas.
Adoro ouvi-las trazer
lembranças de factos que ainda não foram.
Adoro esta chuva lenta
com voz de mulher
* * *
Adoro las sílabas de la lluvia
batiendo en la calle,
dulces e inmensas.
Adoro oírlas traer recuerdos de hechos que aún no han sido.
Adoro esta lluvia lenta
con voz de mujer.
[2]
Há dias em que mesmo o sol cala.
São dias que quiserem ser cinzentos,
mas o corpo não o permite.
Solidão sem uma bica de café,
aqui ao pé do Tejo,
quando ainda nem sonha com ser o lar dos fados.
* * *
Hay días en que hasta el sol se calla.
Son días que quisieran ser grises,
pero el cuerpo no se lo permite.
Soledad sin una taza de café,
aquí junto al Tajo,
cuando aún ni sueña con ser hogar de los hados/fados.
[3]
Não me esqueçam,
façam favor,
não me esqueçam.
Nas pétalas de rosa
mora a minha insignificância.
Naufrago nos pousos do café,
procuro sílabas que formem andorinhas.
* * *
No me olvidéis,
por favor,
no me olvidéis.
En los pétalos de rosa
vive mi insignificancia.
Naufrago en los posos del café,
busco sílabas que formen golondrinas.
[4]
Que mostrasse o coração,
dizias-me.
Um coração soldado
que apenas quer tingir de azul
os agoiros da desfeita.
Que fique tranquilo no fundo da página,
dizia-te.
* * *
Que enseñase el corazón,
me decías.
Un corazón soldado
que tan solo quiere teñir de azul
los augurios de derrota.
Que se quede tranquilo en el fondo de la página,
te decía.
[5]
A lentidão do teu sorriso
tem sabor de outono.
O pão na memória,
a lua na utopia,
o café pelas veias.
Afinal descem carícias
e criam silhuetas.
* * *
La lentitud de tu sonrisa
tiene sabor de otoño.
El pan en la memoria,
la luna en la utopía,
el café por las venas.
Al final descienden caricias
y crean siluetas.
[6]
Escrevo pequenas tristezas na neve.
A neve cobre toda a minha mente.
Atravesso a minha mente como uma rua.
A minha rua na minha voz derrete-se lentamente.
* * *
Escribo pequeñas tristezas en la nieve.
La nieve cubre toda mi mente.
Atravieso mi mente como una calle.
Mi calle en mi voz se derrite lentamente.
[7]
Onde moram corações,
cá mesmo baixo a janela,
repite-se a mesma pergunta:
quem são.
O sol desce assobiando,
a ausência torna-se dona do teclado.
Mais outra tarde.
* * *
Donde habitan corazones,
justo aquí debajo de la ventana,
se repite la misma pregunta:
quiénes son.
El sol desciende silbando,
la ausencia se vuelve la dueña del teclado.
Otra tarde más.
[8]
Onde é que ficam as marés,
as marés deste deserto de papel,
as marés da pedra ferida,
as marés que tornam as vozes paranoicas.
Onde é que ficam as marés de ser sem tem sido.
* * *
Dónde quedan las mareas,
las mareas de este desierto de papel,
las mareas de la piedra herida,
las mareas que vuelven las voces paranoicas.
Dónde quedan las mareas de ser sin haber sido.
Adoro as sílabas da chuva,
a baterem na rua,
doces e imensas.
Adoro ouvi-las trazer
lembranças de factos que ainda não foram.
Adoro esta chuva lenta
com voz de mulher
* * *
Adoro las sílabas de la lluvia
batiendo en la calle,
dulces e inmensas.
Adoro oírlas traer recuerdos de hechos que aún no han sido.
Adoro esta lluvia lenta
con voz de mujer.
[2]
Há dias em que mesmo o sol cala.
São dias que quiserem ser cinzentos,
mas o corpo não o permite.
Solidão sem uma bica de café,
aqui ao pé do Tejo,
quando ainda nem sonha com ser o lar dos fados.
* * *
Hay días en que hasta el sol se calla.
Son días que quisieran ser grises,
pero el cuerpo no se lo permite.
Soledad sin una taza de café,
aquí junto al Tajo,
cuando aún ni sueña con ser hogar de los hados/fados.
[3]
Não me esqueçam,
façam favor,
não me esqueçam.
Nas pétalas de rosa
mora a minha insignificância.
Naufrago nos pousos do café,
procuro sílabas que formem andorinhas.
* * *
No me olvidéis,
por favor,
no me olvidéis.
En los pétalos de rosa
vive mi insignificancia.
Naufrago en los posos del café,
busco sílabas que formen golondrinas.
[4]
Que mostrasse o coração,
dizias-me.
Um coração soldado
que apenas quer tingir de azul
os agoiros da desfeita.
Que fique tranquilo no fundo da página,
dizia-te.
* * *
Que enseñase el corazón,
me decías.
Un corazón soldado
que tan solo quiere teñir de azul
los augurios de derrota.
Que se quede tranquilo en el fondo de la página,
te decía.
[5]
A lentidão do teu sorriso
tem sabor de outono.
O pão na memória,
a lua na utopia,
o café pelas veias.
Afinal descem carícias
e criam silhuetas.
* * *
La lentitud de tu sonrisa
tiene sabor de otoño.
El pan en la memoria,
la luna en la utopía,
el café por las venas.
Al final descienden caricias
y crean siluetas.
[6]
Escrevo pequenas tristezas na neve.
A neve cobre toda a minha mente.
Atravesso a minha mente como uma rua.
A minha rua na minha voz derrete-se lentamente.
* * *
Escribo pequeñas tristezas en la nieve.
La nieve cubre toda mi mente.
Atravieso mi mente como una calle.
Mi calle en mi voz se derrite lentamente.
[7]
Onde moram corações,
cá mesmo baixo a janela,
repite-se a mesma pergunta:
quem são.
O sol desce assobiando,
a ausência torna-se dona do teclado.
Mais outra tarde.
* * *
Donde habitan corazones,
justo aquí debajo de la ventana,
se repite la misma pregunta:
quiénes son.
El sol desciende silbando,
la ausencia se vuelve la dueña del teclado.
Otra tarde más.
[8]
Onde é que ficam as marés,
as marés deste deserto de papel,
as marés da pedra ferida,
as marés que tornam as vozes paranoicas.
Onde é que ficam as marés de ser sem tem sido.
* * *
Dónde quedan las mareas,
las mareas de este desierto de papel,
las mareas de la piedra herida,
las mareas que vuelven las voces paranoicas.
Dónde quedan las mareas de ser sin haber sido.
© Xavier Frías Conde 2010
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