hoy, con la lluvia, amanecieron veleros por mi calle. antiguos nombres de mujer e historias inconfesables. tú y tu vela entre ellos. el otoño se vistió de negro, como una fadista, y se fingió mujer, como una fadista, con voz de Lisboa, como una fadista. todas las encrucijadas surgieron de debajo de mi cama. fuera seguía lloviendo. tú también. y no estabas. el café hoy fue con jaqueca. y manchas, muchas manchas en esta tierra que me esconde, me acuna y me tiñe la piel de azul. hace siglos que no me besa la lengua atlántica de las sílabas impredecibles. miro por la ventana. aún más lluvia. me gusta el olor a lluvia entre tus piernas, me gustas tú mojada en la calle, me gustan las farolas intentando atrapar destellos de lluvia, me gusta que la lluvia se diluya y se reinvente. me gustas tú y todas las mujeres que fueron y se fueron. se me escurre la soledad por el agujero del bolsillo. un continente en tu cabello, eso buscaría ahora, también bajo la lluvia. una lluvia, solo una lluvia, nada más, el Tajo sigiloso, hacia Lisboa, alrededor de tu ombligo. solo eso, si no tú, al menos tu lluvia por mi calle.
hoje, com a chuva, amanheceram muitos veleiros pela minha rua. antigos nomes de mulher e histórias inconfessáveis. tu e a tua vela entre eles. o outono vestiu-se de preto, como uma fadista, e fingiu-se mulher, como uma fadista, com voz de Lisboa, como uma fadista. todas as encruzilhadas surgiram debaixo da minha cama. fora continuava a chover. tu também. e não estavas. o café hoje foi com enxaqueca. e nódoas, nódoas, muitas nódoas nesta terra que me esconde, me embala e me tinge a pele de azul. há séculos que não me beija a língua atlântica das sílabas imprevisíveis. Olho pela janela, ainda mais chuva. gosto do cheiro da chuva entre as tuas pernas, gosto de ti molhada na rua, gosto dos farois da rua a tentarem apanhar lampejos de chuva, gosto que a chuva se dilua e se reinvente. gosto de ti e de todas as mulheres que foram e foram embora. escorrega-me a solidão pelo buraco do bolso. um continente no teu cabelo, isso procuraria agora, também sob a chuva. uma chuva, apenas uma chuva, mais nada, o Tejo sigiloso, face a Lisboa, arredor do teu umbigo. Apenas isso, se não tu, ao menos a tua chuva pela minha rua.
(áudio em português)
hoje, com a chuva, amanheceram muitos veleiros pela minha rua. antigos nomes de mulher e histórias inconfessáveis. tu e a tua vela entre eles. o outono vestiu-se de preto, como uma fadista, e fingiu-se mulher, como uma fadista, com voz de Lisboa, como uma fadista. todas as encruzilhadas surgiram debaixo da minha cama. fora continuava a chover. tu também. e não estavas. o café hoje foi com enxaqueca. e nódoas, nódoas, muitas nódoas nesta terra que me esconde, me embala e me tinge a pele de azul. há séculos que não me beija a língua atlântica das sílabas imprevisíveis. Olho pela janela, ainda mais chuva. gosto do cheiro da chuva entre as tuas pernas, gosto de ti molhada na rua, gosto dos farois da rua a tentarem apanhar lampejos de chuva, gosto que a chuva se dilua e se reinvente. gosto de ti e de todas as mulheres que foram e foram embora. escorrega-me a solidão pelo buraco do bolso. um continente no teu cabelo, isso procuraria agora, também sob a chuva. uma chuva, apenas uma chuva, mais nada, o Tejo sigiloso, face a Lisboa, arredor do teu umbigo. Apenas isso, se não tu, ao menos a tua chuva pela minha rua.
(áudio em português)
Frantz Ferentz, 2014
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