sábado, outubro 05, 2013

OXALÁ CHOVESSE AGORA NA ALCOVA



já não preciso ver amahecer. outono lento. pesam os lençóis. onde parou o café, andará de novo namorado? moram espíritos de carne na minha boca. ar fresco pela janela. dois minutos de sábado à manhã.

os pousos do café
são capítulos geológicos

        interpretar
        interpretá-lo
        interpretar-te
        interpretar o futuro passado

não quero mudar
o sangue por tinta
e escrever
com o pranto

lembranças, vinde à minha cama. há espaço para todas. vinde, à vontade. vinho não tenho, tendes que vos embebedar de vós próprias. deixai-me livre o cabeceiro, é um trono frustrado, sou um rei sem memórias. 

oxalá chovesse agora na alcova.

Frantz Ferentz, 2013

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