terça-feira, março 21, 2017

CHOVES ~ LLUEVES

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porque
sem chover
me choves?

*  *  *

por qué
sin llover
me llueves


Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, março 20, 2017

JÁ TE ESCREVO ~ YA TE ESCRIBO

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já te escrevo
sem pensar
apenas a te cheirar
de olhos fechados
a alunizar nas tuas costas

já te escrevo
finge que não me notas
mas só finge
chegarei por atrás
improvisarei a tua ortografia
e o teu umbigo      ponto sem final

já te escrevo
parágrafos na pele
tu apenas escorrega
entre os meus dedos
sem maiúsculas
e descalça

já te escrevo
e se quiseres
tu escreves-me
com os teus dedos
humida
lentamente
uma e outra vez




*  *  *

ya te escribo
sin pensar
solo oliéndote
de ojos cerrados
alunizando en tu espalda

ya te escribo
finge que no me notas
pero solo finge
yo llegaré por detrás
improvisaré tu ortografía
y tu ombligo       punto sin final

ya te escribo
párrafos en la piel
tú solo deslízate
entre mis dedos
sin mayúsculas
y descalza 

ya te escribo
y si quieres
tú me escribes
con tus dedos
húmeda
lentamente
una y otra vez

Frantz Ferentz, 2016

sábado, março 11, 2017

FADO DE CHUVA ~ FADO DE LLUVIA

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tanta chuva
chuva sem ti
chuva de longe
chuva sem lua e sem voz
chuva órfã
chuva que escorrega como um fado pela Ronda

chuva com pranto
chuva sem ti
chuva da minha língua
numa ria a três mil metros de altura

chuva
chuva
e mais chuva
salgada
como tu
minha chuva

chuva a envolver a tua cintura
chuva de saudade
chuva sem ti
chuva
de ti
e por ti
chuva
      por favor
tu
ainda mais chuva

*  *  *

tanta lluvia
lluvia sin ti
lluvia de lejos
lluvia sin luna y sin voz
lluvia huérfana
lluvia que resbala como un fado por la Ronda

lluvia con llanto
lluvia sin ti
luvia de mi lengua
en una ría a tres mil metros de altura

lluvia
lluvia
y más lluvia
salada
como tú
mi lluvia

lluvia envolviendo tu cintura
lluvia de saudade
lluvia sin ti
lluvia
de ti
y por ti
lluvia
     por favor
tú 
aún más lluvia

Frantz Ferentz, 2017

segunda-feira, março 06, 2017

ŠARMUTA

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Eras a derradeira puta.
Atravessaste o grande salão sem pretensões, a olhar para o chão. Sabias
que já os teus lábios ficaram desselados. Ninguém
te dizia puta, mas tu já naufragaras pelas peles de todos eles,
foras brêtema e suspiro nos peitos daqueles que te contemplavam,
até chegares a mim. Soubeste que o nojo
não se pronuncia, sabias que eu não sinto nojo
porque o nojo apenas fica ao alcance dos que julgam. Fui
a derradeira sílaba que atravessaste, não precisaste
de mais impulsos, de mais luas azuis, de mais novembros,
eras puta a fingir estrelas, puta, quatro letras
que te sangravam como lágrimas, puta, sim, mas sempre
quiseste caminhar ergueita, orgulhosa, com o teu nome
por diadema. E mesmo antes do limiar, ainda me perguntaste
em silêncio se te amava.

Sabes? Este ano as camélias não conseguem prender no teu cabelo


*  *  *

Eras la última puta.
Atravesaste el gran salón sin pretensiones, mirando al suelo. Sabías
que ya tus labios habían quedado desellados. Nadie
te llamaba puta, pero tú ya habías naufragado en la pieles de todos ellos,
habías sido calima y suspiro en los pechos de aquellos que te contemplaban,
hasta que llegaste a mí. Supiste que el asco
no se pronuncia, sabías que yo no siento asco
porque el asco solo queda al alcance de los que juzgan. Fui
la última sílaba que atravesaste, no necesitaste
más impulsos, más lunas azules, más noviembres,
eras puta fingiendo estrellas, puta, cuatro letras
que te sangraban como lágrimas, puta, sí, pero siempre
has querido caminar erguida, orgullosa, con tu nombre
por diadema. Y justo antes del umbral, aún me preguntaste
en silencio si te amaba.

¿Sabes? Este año las camelias no consiguen prender en tu cabello

Frantz Ferentz, 2017

quinta-feira, março 02, 2017

LÂNGUIDA ESPERA ~ LÁNGUIDA ESPERA

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lânguida a espera
um pintassilgo finge sobrevoar o teu nome
especulações entre o musgo
nem dia nem noite
termina a espera

já não és
quem não eras
és
quem não foste

*  *  *

lánguida la espera
un jilguero finge sobrevolar tu nombre
especulaciones entre el musgo
ni día ni noche
termina la espera

ya no eres
quien no eras
eres
quien no fuiste

© Frantz Ferentz, 2019