segunda-feira, outubro 05, 2015

CHUVA NO PÁTIO ~ LLUVIA EN EL PATIO

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Esta manhã choveu e não estavas a meu lado. O pátio amanheceu república arrasada com astros dispersos pelo chão. Não ouvi gritos, nada. Soube que o frio era a tua ausência. Cri que era algum tipo de auto-exílio entre sonhos. 

Esta manhã choveu e não estavas a meu lado. Por vezes consola viver em sonhos e sonhar que não se sonha. Sonhar, por exemplo, que se modifica o ritmo da chuva pronunciando o teu nome. Sonhar que escorregas pela minha boca como sumo de manga e fluis pelo meu corpo abaixo. Sonhar que te sonho.

Esta manhã choveu e não estavas a meu lado. Chegaste e partiste outono. Sonhei que saías do quarto na ponta das dedas. Sonhei que deixavas a conca de café na mesa e ias embora sem prová-lo. Sonhei pranto e quis reescrever os meus sonhos, mas não tinha a tua pele para reescrevê-los, reescrever-te'.

Esta manhã choveu e não estavas a meu lado. Não estavas nem nos meus sonhos. Não estavas. Trás os vidros do pátio, eu dissipava-me, tu já não chovias.


Esta mañana ha llovido y no estabas a mi lado. El patio ha amanecido república arrasada con astros dispersos por el suelo. No he oído gritos, nada. Supe que el frío era tu ausencia. Creí que era algún tipo de autoexilio entre sueños. 

Esta mañana ha llovido y no estabas a mi lado. A veces consuela vivir en sueños y soñar que no se sueña. Soñar, por ejemplo, que se modifica el ritmo de la lluvia pronunciando tu nombre. Soñar que resbalas por mi boca como zumo de mango y fluyes por mi cuerpo abajo. Soñar que te sueño.

Esta mañana ha llovido y no estabas a mi lado. Llegaste y te fuiste otoño. Soñé que salías de puntillas de mi cuarto. Soñé que dejabas la taza de café en la mesa y te ibas sin probarlo. Soñé llanto y quise reescribir mis sueños, pero no tenía tu piel para reescribirlos, reescribirte.

Esta mañana ha llovido y no estabas a mi lado. No estabas ni en mis sueños. No estabas. Tras los vidrios del patio, yo me disipaba, tú ya no llovías.

Frantz Ferentz, 2015

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