quarta-feira, setembro 24, 2014

WORDS AND CELLS



words
    like cells
are
unpredictable

words
    like cells
help
invent men

words
    like cells
should ever
be painted in blue

words
    like cells
sing
sad songs when unnoticed

words
    unlike cells
may not
be written

Frantz Ferentz, 2014

NO PENSEM ~ LET'S NOT THINK


Si jo et penso
i tu em penses
perquè no ens pensem?

Millor no pensar
a pensar 
sinó caure en gotes 
de pluja improvisada 

**************

If I think of you
and you think of me 
why don't we think of each other? 

It's better not to think
of thinking 
but fall down in drops 
of sudden rain 

Frantz Ferentz, 2014

domingo, setembro 21, 2014

CUANDO ERES VINO


A S.G.G.
eres ese vino
de renombre
con regusto
y matices en cada gota

eres ese vino
que deja los paladares
rendidos
a tu memoria.

eres ese vino
rojo
y mujer
en blusa
blanca

Frantz Ferentz, 2014º


quarta-feira, setembro 17, 2014

JE N'AI RIEN COMPRIS



Peut-être je n'ai rien compris. 

Il y a des jours 
quand je doute que j'existe. 

C'est l'habitude. Cependant, 
il pleut en silence aujourd'hui, 
le vent souffle désolé et 
l'enfant automne joue avec moi 
au cache-cache derrière ma fenêtre. 

Oui, probablement, je n'ai rien compris.



Frantz Ferentz, 2014

CHOVE



chove
sem permissão
chove
com raiva
chove
escorregando saudades
chove
azul
chove
outono
chove
chuva com cheiro
chove
infância
chove
sem roteiros
chove
no Tejo e no teu cabelo
chove
porque chove
chove
ainda
Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, setembro 15, 2014

DESDIBUJANDO HUELLAS ~ UNDRAWING FOOTSTEPS



la última vez que te vi
cargabas tus olvidos
al hombro
y te ibas desdibujando huellas

por tus mejillas
corren desmemorias


the last time we met
you were carrying your oblivions
on your shoulders
and then leaving 
while undrawing footsteps

unmemories run
along your cheeks



Frantz Ferentz, 2014

segunda-feira, setembro 08, 2014

HOMENS, TERRAS E PÓS


A Rafa Yáñez, 
Alberto G. Bautista 
e Ricardo Pichel
pela grandeza da amizade

há terras que são hostis porque nasceram para sê-lo. nelas crescem homens que são hostis porque nasceram dessa terra e têm pó na cabeça. e são ainda mais hostis com aqueles que não caminham levantando poeira, a sua, a que os alimenta. e à poeira chamam pátria.

quando eu lá cheguei pensaram que também levantava poeira ao falar, mas não, era apenas o eco das minhas palavras. os homens hostis, o da pátria de pós, quiseram tornar-me poeira, como eles.

e fugi.

pensei nunca mais olhar para trás. perguntei-me como se odiava o pó. mas há pós que ultrapassam cérebros e corpos. e soube que nem todos os pós são iguais. há pós que não querem ser poeira.

conheci então pós exiliados. pós famintos e sorridentes. conheci o valor de escrever com o dedo no pó sem ser incomodado por regras de cozinha aplicadas à escrita daquilo que ninguém tem certeza que exista.

e fiquei

fiquei exiliado onde não há exílio. vivo entre pós que sabem de carícias. não são de homens. nem de pátrias. são pós e não são. mas gosto. gosto de pós que viajam com sirocos e nunca possuem uma terra. e são.

Frantz Ferentz, 2014

A WET SYLLABLE, WHY NOT?



A wet syllable of yours

Two barefoot steps forwards
          or backwards
          or upwards
          or neverwards

A night never waited for

You undressed up in silence

A few drops of salty melancholy

Tramways running aimlessly
along your back overnight

But you already knew it:
my crucifixes no longer exist



Frantz Ferentz, 2014

THE BEGINNING OF THE FLIGHT OF BUTTERFLIES



the beginning
of the flight of butterflies
occurred in the first season of your sadness

remember?

you had just turned one millennium old
and I had just come back
from my last tree metamorphosis
and sang songs of deserts
that ever dwelt your nameless lap

it was the beginning
of nothing and of all
in the spring of your silence

remember

when memories were made out of cobblestone
and letters feigned
to be whole words stressed on all their syllables
trying not to get unnoticed
for the raindrops walking down your chin

that was
a long, long time ago
when you and me
still believed
that a navel
was an ocean

remember?

remember, please

Frantz Ferentz, 2014

domingo, setembro 07, 2014

LA MOCHILA AZUL


a Siracusa
━ Pásame mi mochila azul
Gracias...
Pesa más, qué
me has metido?
━ Solo un abrazo
un abrazo sin número de serie,
uno casi caducado
uno que pretende en ti
morir viviendo

Frantz Ferentz, 2014